Um dos pontos de destaque no bairro Lagoinha é o DI, Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, que tem atuação em todo o estado, entretanto com unidades especializadas (delegacias) na capital, Belo Horizonte, da divisão de crimes contra a vida, divididas por áreas. São seis delegacias especializadas em homicídios (Barreiro, Leste, Cidade Nova, Noroeste, Sul e Centro), e são divididas por região para facilitar o reconhecimento da área, dos criminosos de cada local, permitindo uma atuação mais rápida e eficaz da investigação dos crimes, aumentando o índice de apuração e consequentemente da prisão dos autores dos homicídios. Em 2011 foram registrados aproximadamente 771 homicídiosem Belo Horizonte, aproximadamente dois por dia, e essa divisão de delegacias por região foi com certeza muito importante para a maior rapidez e eficácia das investigações.
Muitos pensam que o Departamento de Investigações não tem serventia, já que existe um alto índice de crimes e tráfico de drogas bem atrás do prédio, e os moradores reclamam que eles “não fazem nada”. O que as pessoas não sabem, é que o D.I trabalha apenas com “fato consumado”, ou seja, com o que já aconteceu, investigando o crime. Entrevistamos o delegado Vagner Pinto de Souza que trabalha na divisão de homicídios, que nos deu alguns dados sobre o funcionamento do departamento como um todo e os homicídios na região da Lagoinha.
O D.I. possui atuação também em sete municípios de maior incidência de homicídios da região metropolitana de Belo Horizonte, sendo eles Betim, Contagem, Ribeirão das Neves, Ibirité, Santa Luzia, Vespasiano e Sabará. Fora da capital e da região metropolitana, atuam também apurando os casos de grande repercussão e gravidade que acontecem no interior, enviando uma equipe de investigação, contendo investigadores e peritos, que juntos procuram vencer as etapas da análise técnica do ocorrido (como, porque, quem é o culpado). Assim, eles buscam o máximo de provas possíveis para esclarecer os crimes, o investigador envia para o delegado responsável um relatório, que integrará uma espécie de “livro”, chamado de inquérito policial, para que as causas do crime e o autor sejam apontados e o Ministério Público possa então processar e julgar o culpado.
O prazo legal para a conclusão de um inquérito é de trinta dias, mas com frequência é necessário pedir a extensão do prazo, por se tratar de algo muito complexo, que pode durar muito tempo para ser esclarecido. Pode-se chegar ou não ao culpado, um crime pode ser desvendado em cinco meses ou cinco anos, depende muito, mas o prazo normal quando se tem todos os elementos necessários, é em média três meses.
Valter disse ainda que a polícia possui uma central de rádio, mas que a maior parte dos crimes “chegam” a eles através de ligações de pessoas denunciando o ocorrido. Na região da Lagoinha, ele aponta que o principal motivo da ocorrência de homicídios é o craque, as drogas. Há também um grande número de moradores de ruas no bairro, que também fazem uso de drogas ou matam por questões de relacionamento interpessoal e bebedeira.
Temos, portanto, que ter consciência de que a polícia existe com a intenção de ajudar a população do melhor modo possível. Claro que há corrupção como em qualquer outro lugar, mas o papel da polícia honesta, participativa, que se “doa” em uma investigação tem que ser valorizado e muito. A investigação de um crime e principalmente a resolução deste é de grande importância para a sociedade em si, para que os valores da humanidade não se percam para levar um “alento” às famílias da vítima e para cuidar para que os direitos humanos sejam sempre respeitados, o que é de suma importância para o progresso tanto individual como coletivo da população.